
*Reflexão, metacognição e tomada de consciência -
"O sujeito interagindo no mundo, isto é, agindo sobre o mundo e sofrendo a influência da ação deste sobre si, está em constante processo de adaptação. Adaptação, na teoria piagetiana, implica num sujeito ativo, capaz de transformar a realidade na qual interage e de transformar a si mesmo, construindo seus conhecimentos, ou seja, sua inteligência.
A equilibração se caracteriza por dois aspectos: equilibrar entre si os outros 3 fatores do desenvolvimento e equilibrar a descoberta de uma noção nova, com outras já existentes nas possibilidades de entendimento da criança ou adulto.
Diante do enfrentamento de um conflito cognitivo, é necessário um jogo de regulações e de compensações para que se atinja uma coerência entre o que já se sabia com as novidades provocadoras deste conflito; isto acontece pelas leis da equilibração.
O processo interno de regulação e compensação se dá através de mecanismos internos de assimilação e acomodação. Assimilação: É o mecanismo que o sujeito aplica para procurar compreender o mundo. O sujeito age e se apropria do objeto de conhecimento, atribuindo-lhe significado próprio. Na acomodação, o sujeito age no sentido de se transformar, ajustando-se através de um esforço pessoal e espontâneo às resistências impostas pelo objeto de conhecimento, que não foi possível ser assimilado imediatamente."
O novo enfoque da aprendizagem – construção dialética -
"O conhecimento é construído a partir das interações com o mundo. Esse processo é dinâmico e dialético, estamos sempre reformulando nosso conhecimento e interagindo com o mundo. O processo de equilibração explica a construção das estruturas da inteligência: é no equilíbrio progressivo entre a assimilação e a acomodação que o pensamento atinge sua crescente mobilidade. A informação não entra pelos sentidos, o conhecimento não é transmitido de fora para dentro. Essa informação que entra pelos sentidos é processada pelo pensamento, pelas operações que o pensamento faz. E o pensamento só age sobre essa informação quando ele atribui significação, se não tem significado a criança não consegue representar".
*Avaliação “na” aprendizagem -
Parece natural, como decorrência deste processo de construção do conhecimento que a avaliação ocorra realmente na aprendizagem, entretanto, a interferência do professor, seus comentários, seus questionamentos devem promover a continuidade do processo "Reflexão, metacognição e tomada de consciência" e não simplesmente classificar ou quantificar desempenhos. Neste sentido, a avaliação não pode ser vista como um dos elementos que colaboram com a aprendizagem, mas sim como engrenagem do próprio processo de aprendizagem. O conceito avaliação na aprendizagem então só faz sentido se o sujeito que avalia compreende o papel da avaliação na aprendizagem.
Trechos retirados do artigo EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET, de Carla Beatris Valentini.
Um comentário:
Cris:
Jean Piaget, conforme colocas na tua reflexão, nos contemplou com uma vasta e rica obra. Fica o desafio de descobrir de como podemos levar o nosso aluno a se beneficiar com o conhecimento que nos legou? E será que todos os educadores conhecem a sua teoria?
Quanto à avaliação, as tuas reflexões me remetem às palavras do professor Max Haetinger, no Congresso Internacional sobre Avaliação, em outubro de 2007, em POA “A avaliação deve ajudar o aluno a aprender; é diálogo; precisamos ouvir o aluno, pois a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.”
Abraço. Celi
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