quarta-feira, 4 de junho de 2008

Escrever...

“Escrever é abalar o sentido do mundo, aí fazer uma interrogação indireta, que o escritor, em vista de um suspense derradeiro, abstém-se de responder. A resposta é dada por cada um de nós, que para aí transporta sua história, sua linguagem, sua liberdade; mas como história, linguagem e liberdade mudam infinitamente, a resposta do mundo do escritor é infinita: não se pára jamais de responder ao que foi escrito longe de toda resposta. Afirmados, a seguir postos em confronto, depois recolocados, os sentidos passam, a questão permanece. Para que o jogo se realize é preciso, de um lado, que a obra aponte verdadeiramente um sentido oscilante e não fechado; e, de outro, que o mundo responda assertivamente à questão da obra, que ele preencha francamente, com sua própria matéria, o sentido posto. Em resumo, é preciso que à duplicidade fatal do escritor, que interroga sob o disfarce de afirmar, corresponda a duplicidade da crítica, que responde sob o disfarce de interrogar” (Sur Racine, p.5-6).
Retirado do blog que divulga o SEMINÁRIO ESPECIAL: OFICINAS DE ESCRITURA VITA NOVA (OEVN) .