quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Redes cotidianas de conhecimentos e valores nas relações com a tecnologia


Para a autora Nilda Alves, a árvore e a rede são metáforas do pensamento, do conhecimento e dos saberes que podem ser concebidos a partir de diferentes paradigmas e assim os representa imageticamente. A árvore representa a hierarquização, a normalização e a grupalização do conhecimento. É a pedagogia dicotomizada, do certo e do errado, do premiado e do castigado, do diplomado e do marginalizado. Já a rede representa o ilimitado número de percursos, a racionalidade aguçada e complexa, a superação da linearidade.É a pedagogia da práticateoriaprática, de conhecimentos trançados nos múltiplos espaçotempos e contextos.
Nós somos redes de subjetividades, e participamos de contextos cotidianos diversos:
doméstico – mundialidade/virtualidade; produção – aprendizagem; mercado –
concorrência; comunidade – convivência social; cidadania – participação/organização.
Nestas redes, conhecemos. Esta formação cotidiana, dos saberes transversais, é
destacada como parte de nosso processo de integração ou marginalização. Existe,
segundo a autora, uma integração entre contextos e maneiras de aprender.
Aspectos sociais e relações de poder se tornam relevantes a partir das concepções
sobre educação e confrontos entre segmentos sociais. A educação se dá como realidade, possibilidade, necessidade, direito reivindicado e direito possuído. “Todas as alternativas são perigosas, inclusive a imobilidade.” Táticas ou estratégias evidenciam confrontos que tendem a uma mudança de paradigma, uma transformação do processo hegemônico do pensamento moderno por um novo modo de pensar. Da imersão das múltiplas redes de conhecimento e valores surgirão novos conceitos. Não há ordem no trançar.
É importante identificar aspectos das redes para entender como são tecidas, suas múltiplas conexões, sua complexidade, possíveis interpretações produzidas em zonas de contatos móveis – um golpe na linearidade e na hierarquização. A escola tende então a buscar uma pedagogia da emancipação, é um espaço e um tempo de organizar, discutir e acumular coletivamente informações e transmitir e criar conhecimentos e valores. O conhecimento é tecido em rede, sem caminhos obrigatórios e sem hierarquias.
Em relação às tecnologias, é preciso usar a lógica do cotidiano, aprender a técnica, a prática e a lógica contrária à dominante. Os professores precisam ter reconhecido o direito de posse e utilização do patrimônio cultural produzido pela humanidade e o trabalho com a tecnologia precisa ser inserido na formação dos professores.
A partir deste direito, como ocorre esta apropriação pelo professor que não tem acesso às novas tecnologias e a uma formação continuada? Que programas foram criados para incluir digitalmente os professores e como os professores encaram as novas tecnologias? Como se dá o conflito entre a nova geração (os nativos digitais) e a geração dos professores (migrantes digitais)?
Considerações sobre o artigo de Nilda Alves

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Projetos de Aprendizagem - A importância da pergunta


É interessante observar as perguntas que as crianças fazem. Elas simplesmente se permitem não saber... Para uma criança, buscar a explicação para algo que chamou sua atenção é natural. A criança é curiosa e quer entender o que acontece ao seu redor.
Manipular, explorar, interagir, interpretar, levantar hipóteses, buscar explicação e reconstituir o mundo que as rodeia, todas estas são ações que permitem às crianças estabelecer comparações a partir de seus sistemas de referência e de suas experiências e, através de suas ações sobre o meio, construir seu sistema de conceitos e seus sistema de representações sobre o mundo.
Durante o processo de interação, ocorrem dois movimentos básicos de trocas: o movimento centrípeto – assimilação ou incorporação direta de elementos externos nos seus sistemas de referência – e o movimento centrífugo – quando o sistema é perturbado, desequilibrado pelo meio e mobilizado a realizar uma acomodação.
As perguntas e a natureza das questões determinam a atividade mental em certa direção, por isso, os professores precisam criar ambientes abertos à exploração e interações. O aluno precisa estar livre para construir, reinventar, receber e responder desafios, enfim, para manifestar seu mundo interior. O professor precisa promover processos desencadeadores de relações contextuais – relações múltiplas, amplas e integradas, alimentando assim os interesses e curiosidades dos alunos, bem como suas escolhas e o tempo necessário para suas experimentações. Este ambiente precisa ser acolhedor, permitir idéias e, principalmente, aceitar os erros.
Qual é a questão? Beatriz C. Magdalena e Iris E. T. Costa

As perguntas – metafísicas, lógicas, éticas.
É preciso compreender que a criança necessita de totalidade e globalidade, por isso busca respostas completas.
Lógica e consistência são relações que precisam estar presentes a fim de desenvolver uma consciência do “raciocínio válido”.
É valiosa a descoberta da satisfação de descobrir respostas por si mesmas.
Professores que questionam têm alunos igualmente questionadores.
É preciso cultivar o pensamento e o questionamento, substituindo o modelo da pessoa que sabe tudo por uma pessoa que é “intelectualmente aberta, curiosa, autocrítica e disposta a admitir a ignorância ou indecisão”.
O professor não pode ser um provedor de fatos! Ele não deve ter receio de desafiar pressuposições!
LIPMAN, Mattwew. A filosofia na sala de aula.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As metáforas da árvore e da vida

Redes cotidianas de conhecimentos e valores nas Relações com a tecnologia - Artigo de Nilda Alves.

Pontos para aprofundar:

"O conhecimento é tecido em rede, sem caminhos obrigatórios e sem hierarquias".
"A apropriação, o uso e a criação de tecnologias pela professora e, portanto, a ainclusão dos mesmos durante sua formação acadêmica e durante seus tantos anos de prática profissonal, estão inseridos entre os direitos de posse e utilização do patrimônio cultural produzido pela humanidade."
"O tempo é a substância de que estou feito. O tempo é um rio que me arrebata, mas sou eu o rio; é um tigre que me destrói, mas sou eu o tigre; é um fogo que me consome, mas sou eu o fogo. O mundo, desgraçadamente, é real; eu, desgraçadamente, sou Borges (p.409)."

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ponto de vista


Quando alguém se afasta para apreciar melhor aquilo que produziu, assume um novo ponto de vista. A percepção muda de acordo com o ponto de vista e com o corte que o observador faz, a partir da criação e da composição de elementos que escolhe observar.

Um fotógrafo, por exemplo, escolhe a luz que deve incidir sobre o objeto fotografado... Escolhe o ângulo, o enquadramento... Retrata a realidade sob um ponto de vista particularmente especial e privilegiado. Mostra o real, ao mesmo tempo em que, subjetivamente, o esconde... Resultado de sua escolha e de sua intenção.
O que dizer de quem precisa produzir pensamentos, apreciá-los e socializá-los com outras pessoas... O pensamento existe, mas pode ser dito de várias formas, com luzes especiais, com destaque para um ou outro ponto.
Dito isto, e a partir dos debates travados neste semestre, a questão da construção do conhecimento e, principalmente, da sua apropriação e transformação através do discurso exige um novo olhar.
Ao utilizar ambientes colaborativos de aprendizagem, o autor socializa o espaço discursivo. Qual a implicação do uso deste espaço na construção do conhecimento? De que forma o discurso e a interlocução se constituem em fator determinante da aprendizagem no EAD? Quando educadores se utilizam deste recurso, o que se modifica em sua prática?
Como se compõe este retrato? Que elementos ainda não estão revelados?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Escrever...

“Escrever é abalar o sentido do mundo, aí fazer uma interrogação indireta, que o escritor, em vista de um suspense derradeiro, abstém-se de responder. A resposta é dada por cada um de nós, que para aí transporta sua história, sua linguagem, sua liberdade; mas como história, linguagem e liberdade mudam infinitamente, a resposta do mundo do escritor é infinita: não se pára jamais de responder ao que foi escrito longe de toda resposta. Afirmados, a seguir postos em confronto, depois recolocados, os sentidos passam, a questão permanece. Para que o jogo se realize é preciso, de um lado, que a obra aponte verdadeiramente um sentido oscilante e não fechado; e, de outro, que o mundo responda assertivamente à questão da obra, que ele preencha francamente, com sua própria matéria, o sentido posto. Em resumo, é preciso que à duplicidade fatal do escritor, que interroga sob o disfarce de afirmar, corresponda a duplicidade da crítica, que responde sob o disfarce de interrogar” (Sur Racine, p.5-6).
Retirado do blog que divulga o SEMINÁRIO ESPECIAL: OFICINAS DE ESCRITURA VITA NOVA (OEVN) .

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Currículo, narrativa e o futuro social.

Ivor Goodson nos fez refletir sobre currículo, narrativa e o futuro social.
Creio que o ponto que mereceu o maior destaque do autor não chega a ser novidade – a aprendizagem voltada para as questões reais, para a vida e a humanidade: Falar sobre uma escola que forma o sujeito para ocupar seu lugar na sociedade - um lugar pré-determinado (?) pelo contexto e estruturas sociais (determinismo social).
Percebe-se que em relação ao discurso, nossas impressões e concepções no mínimo se equivalem às idéias registradas nesta pesquisa sobre o sistema educacional britânico. No debate em aula, um comentário sobre a Língua Inglesa e a distinção entre socioletos, isto é, a língua falada por um grupo social, uma classe social ou subcultura chamou a atenção. O destaque foi feito no sentido de que alguns termos lingüísticos ou expressões demonstrariam a classe social(!) do falante. Bom, mas não precisamos ter acesso a uma pesquisa sobre a educação inglesa para percebermos isto. Basta ouvirmos um pouco a grande maioria da população brasileira falando nas ruas. Qual a "gramática" da maioria da população, excluída da educação, das produções culturais e do conhecimento?
É muito claro que o acesso a uma variedade culta da Língua facilita o acesso aos meios de produção e de cultura e possibilita uma certa mobilidade social, na medida em que abre portas e distingue o indivíduo que aprendeu tal variedade. Assim como as escolas inglesas ensinam e exigem conhecimentos diferenciados para públicos diferenciados, nossas escolas também enfrentam, talvez inconscientemente, estas distinções e são responsáveis pelo desenvolvimento da (in)competência lingüística dos falantes.
Muitos alunos nas escolas públicas, com pouco ou nenhum acesso a leitura, integrantes de famílias excluídas socialmente, não encontram na escola um meio de desenvolver suas habilidades e são vítimas de um sistema que procura, sem sucesso, romper com este determinismo social, pois apenas esforços individuais obtêm um falso êxito. Não há a quebra das regras, apenas há exceções.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Aprendizagem e comportamento

O que é aprendizagem e desenvolvimento? A síntese das idéias e as reflexões apresentadas sobre estes dois conceitos e a aula que discutiu Currículo, Narrativa e o Futuro Social determinaram inicialmente a seguinte questão: APRENDIZAGEM MUDA O COMPORTAMENTO?
Uma concepção condutista/comportamentalista de ensino sustenta que a aprendizagem é uma mudança na conduta, no comportamento observável.
A partir do princípio de uma aprendizagem ativa, defende que “todo o conhecimento autêntico vem da experiência” (John Dewey).
Mudanças ocorrem a partir de experiências, da interação com o outro e com o ambiente. Por isso é possível contrapor este conceito de mudança, sob o enfoque comportamentalista, a uma concepção cognitiva da aprendizagem que pressupõe que o aprendizado é um processo interno e não pode ser observado diretamente (processos mentais – conforme Piaget).