segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sobre a subjetividade docente

Sobre a leitura de Saberes docentes e formação profissional, Maurice Tardif, capítulo 6:

O professor não pode ser mero objeto de pesquisa, ele é um sujeito competente, que detém saberes específicos ao seu trabalho. Esta afirmação deixa bem claro o objetivo de Tardif ao analisar o papel do "professor de profissão" numa proposta de aproximação entre pesquisa e prática escolar.
Os autores historicamente apresentam os professores como "bonecos de ventríloco", quer dizer, alguém que é dominado por forças externas, como as forças sociais ou de peritos pesquisadores.
É interessante que alguém tenha que afirmar e provar que os professores possuem saberes... Esta é mais uma prova do que Tardif de certa forma tenta criticar. Só é saber constituído o que é postulado, comprovado, defendido e apresentado perante banca competente?
Entretanto, os "professores de profissão" estão cada vez mais sendo reconhecidos e seus saberes respeitados, talvez pela democratização dos debates e do movimento de descentralização do saber em um único repositório, mas sim, constituído por diferentes vozes e espaços cada vez mais públicos e participativos.
Tardif ainda critica conhecimentos construídos a partir de bases ilusórias, como o pesquisador que cria teorias sem práticas que as comprovem. Aponta também a relação de poder imposta por este tipo de prática e que se auto-sustenta na Universidade - "práticas de seleção e financiamento de pesquisas, de difusão de produtos teóricos, práticas de argumentação de defesa e de consolidação de territórios disciplinares e de prestígios simbólicos"...
Uma integração entre teóricos e professores de profissão é decisiva para ressignificar as práticas relacionadas à formação de professores. A produção intelectual não deve priorizar o benefício dos próprios pesquisadores, ela deve estar pautada para a qualificação do ensino e a representar o avanço qualitativo da ação dos educadores em sala de aula.
A imposição de um tipo específico de discurso, altamente técnico e burocrático, serve para manter esta relação de poder criticada por Tardif. É preciso valorizar as diversas vozes que discutem a educação, os diferentes atores, que com suas diferentes competências, têm muito a contribuir para a construção de novos meios para aprender.

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