terça-feira, 18 de dezembro de 2007

"Arrisca teus passos por caminhos pelos quais ninguém passou; arrisca tua cabeça pensando o que ninguém pensou."

"Quem disse que tudo já foi inventado?" Esta foi a pergunta de uma professora aos seus alunos de ensino médio. "Ainda há muito o que ser descoberto. Não há lugar para a acomodação: é preciso criar, desafiar a imaginação e o pensamento". Eis o desafio.
Intuitivamente escolhi como motivo para este blog algumas imagens de fractais. "Os fractais são formas geométricas abstractas de uma beleza incrível, com padrões complexos que se repetem infinitamente, mesmo limitados a uma área finita". (Mandelbrot). Aqui eles representam a complexidade, a aparente irregularidade, o quebrado e o partido, ao mesmo tempo em que, a partir de um padrão e de uma escala geométrica, formam belas imagens que levam ao infinito. Assim é nosso pensamento, nossa imaginação. Criamos, a partir de fragmentos, em nossa mente, belas imagens, e temos poder de imaginá-las infinitamente.
Este espaço de reflexão vem servindo de suporte para muitas idéias, algumas aparentemente desconexas, descontextualizadas... Cada experiência foi contada, compartilhada, com o objetivo de servir como objeto de estudo de outros e de sua própria autora modificada por outras experiências. Este é o momento de afastar-se um pouco para observar melhor o todo.
Ao comentar o portfólio de minha colega, me perguntei por que não havia feito uma visita tão detalhada assim antes e o quanto devo perder ao deixar de ler o que meus outros colegas estão registrando.
Como indicador do ponto de articulação entre os comentários e minhas inferências, escolhi a interlocução. Ainda relacionado a este indicador, associo o discurso afetivo no exercício da tutoria em EAD, conforme comentei em postagem anterior.
Estes dois indicadores estão relacionados ao discurso e à comunicação. No exercício da tutoria estes indicadores são importantes e até certo ponto decisivos para o sucesso do processo de tutoria/aprendizagem.
Cada um dos registros de dificuldades de comunicação, de troca de impressões, de apoio e incentivo, do destaque de evidências, de aprendizagens colaborativas, todos sem exceção, podem ser discutidos através de uma abordagem comunicacional, tendo como ponto de partido os interlocutores e suas intenções comunicacionais.

Indicadores: Interlocução - Discurso afetivo

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Epistemologia

A tarefa era conceituar. Palavras de uso diário, presentes em quase todas as conversas. Quando comecei a ler os conceitos elaborados por meus colegas, tentei me enquadrar em alguma linha de pensamento. Senti muita dificuldade em encontrar uma unidade em meio a tantos pensamentos. Além disto, não havia percebido o contexto em que a pergunta havia sido feita. Procurei então ser o mais simples possível, e sem um referencial teórico muito claro, escrevi os conceitos a partir de minhas concepções referentes à aprendizagem e processos cognitivos.
Durante a aula, alguns pontos ficaram bem claros como a intenção da pergunta, a necessidade de uma visão ampliada, porém coletiva, de alguns pontos importantes da estruturação do Curso e a orientação teórica que o direciona, o foco na construção do sistema cognitivo, o respeito às diversas concepções de aprendizagem e a importância da clareza para todos os tutores da norte apontado pelo Curso.
Durante as atividades deste semestre, senti necessidade em entender mais alguns conceitos básicos várias vezes referidos em aula, e a partir de algumas leituras, registrei neste portfólio algumas questões para aprofundamento, principalmente na questão sobre o portfólio de aprendizagens e a avaliação na aprendizagem. Aquilo que pesquisei, registrei aqui durante o semestre.
Em relação aos conceitos, percebi que minhas “opiniões” não se afastam completamente das posições destacadas pela professora.
• A inteligência é uma organização que tem como função a adaptação ativa – assimilar o mundo e se acomodar neste mundo.
“A inteligência está ligada a capacidade de um indivíduo compreender o mundo em que vive, adaptar-se a ele e propor mudanças eficientes quando necessário”. (Cris Lemos)
• Desenvolvimento é a capacidade de desenvolver estruturas de conhecimento.
“Desenvolvimento é um processo gradual, resultante de estímulos, motivações e experiências, e que compreende crescimento, avanço, evolução (cognitivo, psicomotor, afetivo, físico)”. (Cris Lemos)
• Aprender é construir esquemas lógicos.
“Aprendizagem é um processo, inerente ao ser humano, capaz de promover o desenvolvimento e a aquisição de habilidades e competências relativas aos diversos domínios do conhecimento e da própria existência”. (Cris Lemos)
• Interacionismo
“Projeto de aprendizagem é uma proposta pedagógica, baseada na construção coletiva, parte de uma problematização, preza o registro das hipóteses e dos avanços a cada etapa do processo. Permite a reflexão e a descoberta”. (Cris Lemos)

sábado, 24 de novembro de 2007

O poder da palavra - comentários nos blogs

Para o tutor presencial, o acompanhamento e a interação com o aluno são facilitados pelo contato pessoal e pela facilidade de comunicação. O tutor conhece bem o aluno que vai ao pólo, sabe não só sobre as atividades que realizou, mas também das dificuldades que teve em realizá-las, suas pequenas satisfações diárias, sobre sua turma de alunos e até sobre sua vida pessoal. Além deste contato, o tutor precisa acessar as atividades dos alunos, ver sua assiduidade, a freqüência das postagens, a qualidade de suas reflexões. Até então, entretanto, não havia comentado por escrito nenhum trabalho, no que se refere ao conteúdo das reflexões ou análise de argumentos.
Ao acompanhar os blogs de aprendizagem das alunas, pude comprovar com Rubem Alves o poder da palavra. Em "Sobre palavras e redes", um dos capítulos do livro Conversas com quem gosta de ensinar, o autor adverte o cuidado que o professor precisa ter com suas palavras. Palavras são redes, que servem para prender ou para unir, depende unicamente do modo como nós decidimos usá-las.

Ao comentar os depoimentos da alunas, senti a força das suas palavras e procurei contribuir com o processo de aprendizagem em que estamos todos envolvidos. Ao escrever minhas impressões, recebi das alunas um retorno muito positivo. Ao encontrá-las, diziam que haviam lido meu comentário, que haviam gostado, que se sentiram bem, valorizadas em sua produção.

Nossas palavras são redes que tecem relações de troca, de entendimento, são linhas condutoras de sentido, são vias de mão dupla que conduzem a novas idéias e sensações. Estas devem ser as redes que construímos com nossos alunos: colaborativas, íntegras e ricas em possibilidades.

Repensando alguns conceitos

Alguns conceitos que ainda estão sendo elaborados, dão continuidade à postagem Webfólio e avaliação.

*Reflexão, metacognição e tomada de consciência -
"O sujeito interagindo no mundo, isto é, agindo sobre o mundo e sofrendo a influência da ação deste sobre si, está em constante processo de adaptação. Adaptação, na teoria piagetiana, implica num sujeito ativo, capaz de transformar a realidade na qual interage e de transformar a si mesmo, construindo seus conhecimentos, ou seja, sua inteligência.
A equilibração se caracteriza por dois aspectos: equilibrar entre si os outros 3 fatores do desenvolvimento e equilibrar a descoberta de uma noção nova, com outras já existentes nas possibilidades de entendimento da criança ou adulto.
Diante do enfrentamento de um conflito cognitivo, é necessário um jogo de regulações e de compensações para que se atinja uma coerência entre o que já se sabia com as novidades provocadoras deste conflito; isto acontece pelas leis da equilibração.
O processo interno de regulação e compensação se dá através de mecanismos internos de assimilação e acomodação. Assimilação: É o mecanismo que o sujeito aplica para procurar compreender o mundo. O sujeito age e se apropria do objeto de conhecimento, atribuindo-lhe significado próprio. Na acomodação, o sujeito age no sentido de se transformar, ajustando-se através de um esforço pessoal e espontâneo às resistências impostas pelo objeto de conhecimento, que não foi possível ser assimilado imediatamente."
O novo enfoque da aprendizagem – construção dialética -
"O conhecimento é construído a partir das interações com o mundo. Esse processo é dinâmico e dialético, estamos sempre reformulando nosso conhecimento e interagindo com o mundo. O processo de equilibração explica a construção das estruturas da inteligência: é no equilíbrio progressivo entre a assimilação e a acomodação que o pensamento atinge sua crescente mobilidade. A informação não entra pelos sentidos, o conhecimento não é transmitido de fora para dentro. Essa informação que entra pelos sentidos é processada pelo pensamento, pelas operações que o pensamento faz. E o pensamento só age sobre essa informação quando ele atribui significação, se não tem significado a criança não consegue representar".
*Avaliação “na” aprendizagem -
Parece natural, como decorrência deste processo de construção do conhecimento que a avaliação ocorra realmente na aprendizagem, entretanto, a interferência do professor, seus comentários, seus questionamentos devem promover a continuidade do processo "Reflexão, metacognição e tomada de consciência" e não simplesmente classificar ou quantificar desempenhos. Neste sentido, a avaliação não pode ser vista como um dos elementos que colaboram com a aprendizagem, mas sim como engrenagem do próprio processo de aprendizagem. O conceito avaliação na aprendizagem então só faz sentido se o sujeito que avalia compreende o papel da avaliação na aprendizagem.
Trechos retirados do artigo EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET, de Carla Beatris Valentini.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Encontro sobre EAD - Unisinos

Sobre o XII ENCONTRO SUL-BRASILEIRO DE LÍNGUA PORTUGUESA, Palestra: O trabalho em desenvolvimento na educação a distância para as licenciaturas – UFRGS, UNISINOS, FEEVALE, PUCRS, UNILASALLE
Objetivo principal da palestra seria promover uma atividade que aproximasse as pessoas envolvidas no EAD, que estão pensando na formação do professor. Ao ouvir os depoimentos dos professores foi possível constatar que os problemas que enfrentamos são comuns para os diversos espaços e níveis de EAD.
A prof.ª Maria Alice Gravina, por exemplo, destacou a preocupação da UFRGS na formação de professores e na promoção do uso das TIC'S para uma formação dos professores do ensino fundamental. Além disto, a professora mostrou o trabalho das alunas do curso de Pedagogia, modalidade a Distância, e falou um pouco da caminhada das alunas e do próprio projeto de EAD, que é novo para a Universidade.
Foi consenso da mesa o futuro da EAD, uma educação bimodal, com algumas atividades a distância e outras presenciais, flexibilizando espaço e tempo dos estudantes e universidades.
Outro consenso foi a necessidade de formação tecnológica e pedagógica (urgente) dos professores para a utilização de ambientes virtuais ou diferentes mídias. Por exemplo o professor que grava suas aulas em mp3 para que seus alunos possam escutá-lo no caminho para a universidade ou enquanto caminham. Este professor precisa desenvolver habilidades e ter consciência de como esta mídia dará suporte a sua mensagem. Dizer “hoje” numa gravação pode trazer dificuldades de entendimento, assim como escrever que “a tarefa deverá ser postada em duas semanas” em uma aula em ambiente virtual. São detalhes que precisam ser observados.
Este novo professor, um mídia-educador, precisa ser formado a partir de uma proposta pedagógica voltada para a integração, a reflexão e a produção colaborativa. Ele precisa de novas competências e habilidades. Enquanto uma aula em EAD apresentar as mesmas tarefas do ensino presencial, o professor deixa de aproveitar o que o EAD traz de vantagens. O EAD traz articulações, favorece relações, possibilita a inclusão e possibilita, através das mídias, uma comunicação mais próxima, através da mediação tecnológica.

domingo, 28 de outubro de 2007

XIX Salão de Iniciação Científica



Formação de Professores

Os recursos mais utilizados nas apresentações foram as entrevistas, os mapas conceituais e o estudo de caso, demonstrando eficiência na coleta e comprovação de dados.
O recorte de algumas questões pode auxiliar numa breve análise das apresentações: "Há diferença da prática idealizada e a realizada". "O contexto é impermeável à praticas inovadoras". "Verificou-se a falta real de recursos nas escolas, espaço de formação mal aproveitados, excessiva carga horária do professor, participação restrita da família e dados oficiais com baixo índice de aprendizagem"."(...)ciência é uma construção humana, a partir do contexto histórico e da cultura, constitui uma visão da ciência relativa, complexa e historicamente construída. Por isso o docente precisa ser problematizador e questionador"."O professor criou estratégias didático-pedagógicas, propostas, como estórias e macetes".
Basicamente foi possível perceber que os trabalhos desta sessão apresentaram uma preocupação com a realidade das escolas e dos professores e pontos importantes foram destacados como a relação entre e prática ideal e a real, bem como a discussão e as propostas dos cursos de licenciatura em relação à formação acadêmica deste aluno/professor para a transformação de sua prática.
Os alunos foram às escolas, entrevistaram os mestres e até reconstituíram épocas distintas para entender como o professor criativo buscava soluções para problemas que até hoje a escola enfrenta. As licenciaturas trabalham então, não apenas com o professor ideal, ou o perfil profissional desejável, mas procuram conhecer a realidade das escolas e entender as limitações e os desafios que os alunos/professores precisam enfrentar.
O destaque ficou para o trabalho do aluno Jonas Orben, orientado pelo professor Ademir Damázio, da UNESC. Em sua pesquisa, Jonas apresentou os autores que nortearam de seu trabalho, desenvolveu uma proposição consistente e ao buscar as respostas, aceitou o desafio de estar aberto para as respostas que encontraria. A partir de seus achados, foi capaz de analisar as informações e contextualizá-las sem julgamento de valores ou conclusões precipitadas ou superficiais. Nos capítulos O imaginário da prática pedagógica e Ações práticas ilustrativas das aulas, reconstitui a prática de cinqüenta anos do ensino da Matemática, entrevistando tanto professores leigos quando titulados. Através do referencial teórico, citado e justificado, procurou entender e explicar, e não julgar, os professores, destacando as práticas bem sucedidas.

Obs. Em função de meus horário disponíveis, pois nesta semana a rede municipal de São Leopoldo promove a Semana Municipal da Educação, assisti a esta sessão sobre formação de professores e não mídias na educação ou EAD conforme o solicitado.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Webfólio e avaliação




Webfólio: uma proposta para avaliação na aprendizagem – Conceitos, estudos de casos e suporte computacional (texto de Nevado; R. Basso, M; Menezes, C.)
O webfólio e outros ambientes virtuais são usados como ferramentas de organização e recuperação de informações sobre o processo de avaliação. Entretanto, não basta utilizar recursos inovadores para qualificar o processo avaliativo: A proposta deverá ser igualmente transformadora.
Sob o novo enfoque da aprendizagem como processo contínuo e de produção do novo (pelo menos para o sujeito), constitui-se então o sujeito ativo e reflexivo como fonte da aprendizagem. Reflexão, metacognição e tomada de consciência, estes são conceitos importantes para um novo paradigma de avaliação.
A partir disto o “webfólio deve oferecer evidências ou testemunhos da aprendizagem na sua dimensão processual”. O professor assume o papel de observador implicado, problematizador, buscando autonomia intelectual e moral dos sujeitos e a cooperação entre o grupo.
Conforme o artigo, o webfólio possibilita o registro de planejamento, as análises sobre a eficácia e os desencontros na execução dos planejamentos e suas reflexões.
Para esclarecer: O webfólio utilizado desta maneira é basicamente suporte para a metacognição? Além disto, o conceito Webfólio “na” avaliação não apresenta uma clara sustentação... Ou ele faz parte do processo – e, portanto, é aprendizagem, ou é registro – portanto, suporte para a avaliação. Esta duplicidade de funções é contraditória, e útil, pois permite uma solução fácil, ainda que ambígua. A reflexão, a metacognição, a tomada de consciência, a análise, a cooperação, são habilidades desenvolvidas a partir de propostas de aprendizagens. De que forma podem ser vistas como avaliação?
A partir desta leitura, é importante desenvolver melhor alguns conceitos:
De que forma conceituo construção dialética, aprender e avaliar, instrumentos cognitivos, avaliação “na” aprendizagem?
De que forma um novo enfoque de aprendizagem exige uma forma transformadora de avaliação?
De que forma a telemática contribui para enriquecer a avaliação na aprendizagem?

*O novo enfoque da aprendizagem – construção dialética
*Reflexão, metacognição e tomada de consciência
*Avaliação “na” aprendizagem
continua

terça-feira, 9 de outubro de 2007


Sobre o texto argumentativo:

-É interessante que o autor conheça as possibilidades da língua para poder explorar ao máximo os recursos e estratégias para o convencimento do leitor.

-O autor toma decisões, cria ou escolhe as estratégias, organiza as relações...
-Ao produzir um texto argumentativo, seu autor deve ter em mente que, enquanto uma oração se constrói a partir de regras, o texto parte de estratégias (Macroproposição).

-Um texto argumentativo então apresenta dois níveis básicos de informação: Núcleo, que apresenta a informação principal, a mais importante, e Satélite, informação secundária que auxilia na compreensão e aceitação da principal, tornando-a mais acessível.

-Cada informação possui um papel e uma intenção, conferindo uma razão de existência a cada elemento. A estrutura relacional estabelecida a partir das informações expressa a organização da coerência contígua do texto e permite descrever a construção da composição textual interna.
(Estes conceitos básicos foram retirados do texto O artigo de opinião e sua configuração estratégica, de Maria Eduarda Giering).
O estudo da gramática textual é um recurso importante para o entendimento do texto em seus vários aspectos e reforça a idéia de que um autor, ao dominar as técnicas e estratégias para uma composição eficiente, terá mais facilidade em cumprir suas intenções comunicacionais.
Quando um aluno não consegue expor suas idéias e conclusões através de uma produção textual, neste caso específico, um texto argumentativo, se torna importante entender que talvez a falta não seja de idéias, mas de habilidades para dominar as informações e criar estratégias para convencer o leitor de que suas conclusões são lógicas e evidentes.
Observando a dificuldade que alguns alunos apresentam em expor suas descobertas, apontando evidências e estabelecendo relações, percebe-se a dificuldade de produção de um texto coerente e surge, então, a dúvida sobre a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre diferentes tipos de textos, sua gramática interna, seus diversos níveis de complexidade e principalmente, a intenção clara de seus propósitos. Ao dominar o texto, o aluno se apropria da ferramenta que permite uma comunicação plena e eficiente.


terça-feira, 2 de outubro de 2007

Síntese - Evidência e Circunstância

A evidência é o elemento que revela informações, situações, circunstâncias. Através da argumentação, isto é, uma organização lógica e intencionalmente estruturada de raciocínios, e de uma estratégia instituída, os fatos são apresentados e o interlocutor pode concluir sobre a verdade declarada.
Através da linguagem é possível reconstruir uma verdade aproximada dos fatos. A retórica utiliza, então, esse recurso eficiente que é a utilização de evidências e de toda a argumentação constituída em seu entorno para construir significados e convencer o interlocutor. Vários aspectos podem interferir na análise de evidências como o preconceito, incapacidade de interpretar e observar detalhes, premissas falsas, informações parciais ou falsas, entre outras.
Confirmar, refutar, rebater, duvidar, contrastar, comparar, contrapor, são possibilidades para a estruturação de estratégias de construção de argumentos que representam de forma fiel a realidade.
Objeto da discussão: “12 homens e uma sentença”
Construção colaborativa: Fórum da interdisciplina – Grupo 5

domingo, 30 de setembro de 2007

Doze homens e uma sentença



Em Direito, discute-se "a real ocorrência dos fatos", o que inicialmente pode parecer redundante, mas, na verdade, é um princípios da justiça: o Princípio da Verdade Jurídica. É importante destacar que esta verdade não é a verdade real, mas a verdade formal, isto é, aquela que foi comprovada em um processo. O objeto das provas são os fatos, materializadas, elas podem ser documentais, testemunhais, periciais, entre outras.
Outro princípio da justiça é Busca da Verdade Real, a qual deve ser alcançada através de provas e não de presunções ou circunstâncias. Quando uma dúvida em relação a uma circunstância não puder ser afastada completamente, outro princípio é sustentado: in dubio pro reo (em dúvida, pelo réu). Este direito garante que um inocente não seja condenado sem o real esclarecimento dos fatos.
Para interessados em direito, o filme Doze homens e uma sentença é uma aula. Para quem gosta de uma boa história, é um exercício de imaginação e raciocínio. O roteiro que originou o filme, baseado em um texto para o teatro, usa o recurso do "contar", em contrapartida ao que é comum em cinema que é o "mostrar". Inicialmente, este recurso foi usado pela limitação de espaço e cenários do teatro, mas ao acolhê-lo também para o cinema, o diretor constituiu a marca registrada desta obra: a busca pela verdade através de palavras e da imaginação de doze homens e de todos aqueles que assistem ao filme.
O espaço da narrativa é privilegiado, a sala de um júri, que ao mesmo tempo em que limita quem busca a verdade, simboliza a condição humana nesta busca. Nós somos limitados, não somos oniscientes, ou onipresentes, não somos capazes de voltar no tempo e no espaço. Só podemos saber a verdade se os fatos nos forem postos de forma incontestável. E quem nos conta esta história, propositalmente, não nos ajuda. Ele quer justamente mostrar como circunstâncias, preconceitos e suposições podem influir em nossa busca pela verdade.
Para onze homens, a verdade era clara, indiscutível. Para um, algo ainda não estava certo, faltava a certeza da culpa. Neste momento, mais uma vez a palavra assume importância vital na narrativa. Este homem que assume uma "dúvida consistente", assume a defesa da constatação da real ocorrência dos fatos e através de seu discurso persuasivo, de convencimento, articulado e inteligente, busca refutar uma a uma as circunstâncias que envolvem o fato julgado.
Neste processo de apresentação de evidências, argumentos e contra-argumentos, a narrativa é construída e apenas a análise destes fatos conduz o espectador a conhecer a realidade.
Podemos citar algumas evidências que, no decorrer da história, são analisadas:
- A testemunha (vizinha de frente) tinha um certo grau de deficiência visual. Argumento: Se ela precisava de óculos para enxergar, em sua cama, à noite, tentando dormir, não estaria de óculos e, por isso, não conseguiria ver o crime ocorrer do outro lado da rua, através das janelas de um trem em movimento.
- A testemunha (vizinho de baixo) tinha dificuldades para se deslocar, pois tivera um derrame. Argumento: Se ele se movimentava com dificuldades, não poderia ter ido tão rápido até a porta a tempo de ver o assassino que fugia. Houve a tentativa de provar este fato com o teste de deslocamento dentro da própria sala.
- O trem, ao passar, produzia um ruído intenso. Argumento: O vizinho não poderia ouvir a discussão e a queda do corpo durante a passagem do trem.
- A faca utilizada no crime era igual a que o acusado havia comprado. Argumento: O jurado comprou uma faca exatamente igual nas redondezas, logo, aquela seria uma faca comum.
Outras circunstâncias serviriam para incriminar o acusado, mas não resistiram a uma análise mais aprofundada. O acusado ameaçou seu pai de morte, sabia usar bem uma faca, era violento, não confirmou seu álibi no cinema, havia apanhado do pai pouco antes do crime... Todas estas circunstâncias serviram de argumento para a acusação, entretanto, no debate entre os jurados, também foram refutadas, pois não eram definitivas, não se confirmaram como fatos nem como certezas. A votação é refeita e então confirma: o acusado é considerado "not guilty" (não culpado). Quando começa a chover, o ar se torna mais fresco, o calor dá uma trégua, o ambiente muda para marcar o novo rumo da narrativa. Através da busca da verdade e do sentimento de dever cumprido, doze homens podem voltar para suas vidas. A justiça foi feita, um homem não pode receber a pena de morte por homicídio premeditado sem provas e argumentos reais. A culpa do jovem não foi provada... e nem sua inocência, mas como sabemos, a justiça determina seus princípios: “in dubio pro reo”.
Do cinema para o texto, na produção de artigos de opinião, por exemplo, a capacidade de apresentar evidências e argumentar se constitui em um trunfo para quem precisa convencer o leitor sobre sua verdade. A retórica, uma arte essencial para quem precisa apresentar suas idéias, determina possíveis organizações estruturais nas relações deste tipo de texto. Conceitos como Apresentação e Conteúdo, evidência, propósito, contraste, antítese e relações estratégicas podem determinar ao autor uma maior capacidade comunicacional ao seu texto, pois o domínio da língua e de seus recursos discursivos constitui competência essencial para a comunicação texto/leitor.

domingo, 23 de setembro de 2007

Portfólio - Apresentação



Portfólio de Aprendizagens


Creio que o portfólio deve ser mais que uma pasta com os melhores trabalhos. A ênfase não deve estar, portanto, apenas no produto final, mas no processo. Outro aspecto importante do portfólio é a possibilidade de socialização, de aprendizagem colaborativa que este recurso oferece, ao abrir um espaço de troca de experiências, de impressões e um feed-back estratégico tanto para alunos quanto educadores. Além disto, ao organizar seu portfólio, ao aluno fica evidente a importância do cuidado, da revisão, da disciplina e, principalmente, das possibilidades e direções que seu trabalho pode tomar.