sábado, 24 de novembro de 2007

O poder da palavra - comentários nos blogs

Para o tutor presencial, o acompanhamento e a interação com o aluno são facilitados pelo contato pessoal e pela facilidade de comunicação. O tutor conhece bem o aluno que vai ao pólo, sabe não só sobre as atividades que realizou, mas também das dificuldades que teve em realizá-las, suas pequenas satisfações diárias, sobre sua turma de alunos e até sobre sua vida pessoal. Além deste contato, o tutor precisa acessar as atividades dos alunos, ver sua assiduidade, a freqüência das postagens, a qualidade de suas reflexões. Até então, entretanto, não havia comentado por escrito nenhum trabalho, no que se refere ao conteúdo das reflexões ou análise de argumentos.
Ao acompanhar os blogs de aprendizagem das alunas, pude comprovar com Rubem Alves o poder da palavra. Em "Sobre palavras e redes", um dos capítulos do livro Conversas com quem gosta de ensinar, o autor adverte o cuidado que o professor precisa ter com suas palavras. Palavras são redes, que servem para prender ou para unir, depende unicamente do modo como nós decidimos usá-las.

Ao comentar os depoimentos da alunas, senti a força das suas palavras e procurei contribuir com o processo de aprendizagem em que estamos todos envolvidos. Ao escrever minhas impressões, recebi das alunas um retorno muito positivo. Ao encontrá-las, diziam que haviam lido meu comentário, que haviam gostado, que se sentiram bem, valorizadas em sua produção.

Nossas palavras são redes que tecem relações de troca, de entendimento, são linhas condutoras de sentido, são vias de mão dupla que conduzem a novas idéias e sensações. Estas devem ser as redes que construímos com nossos alunos: colaborativas, íntegras e ricas em possibilidades.

Repensando alguns conceitos

Alguns conceitos que ainda estão sendo elaborados, dão continuidade à postagem Webfólio e avaliação.

*Reflexão, metacognição e tomada de consciência -
"O sujeito interagindo no mundo, isto é, agindo sobre o mundo e sofrendo a influência da ação deste sobre si, está em constante processo de adaptação. Adaptação, na teoria piagetiana, implica num sujeito ativo, capaz de transformar a realidade na qual interage e de transformar a si mesmo, construindo seus conhecimentos, ou seja, sua inteligência.
A equilibração se caracteriza por dois aspectos: equilibrar entre si os outros 3 fatores do desenvolvimento e equilibrar a descoberta de uma noção nova, com outras já existentes nas possibilidades de entendimento da criança ou adulto.
Diante do enfrentamento de um conflito cognitivo, é necessário um jogo de regulações e de compensações para que se atinja uma coerência entre o que já se sabia com as novidades provocadoras deste conflito; isto acontece pelas leis da equilibração.
O processo interno de regulação e compensação se dá através de mecanismos internos de assimilação e acomodação. Assimilação: É o mecanismo que o sujeito aplica para procurar compreender o mundo. O sujeito age e se apropria do objeto de conhecimento, atribuindo-lhe significado próprio. Na acomodação, o sujeito age no sentido de se transformar, ajustando-se através de um esforço pessoal e espontâneo às resistências impostas pelo objeto de conhecimento, que não foi possível ser assimilado imediatamente."
O novo enfoque da aprendizagem – construção dialética -
"O conhecimento é construído a partir das interações com o mundo. Esse processo é dinâmico e dialético, estamos sempre reformulando nosso conhecimento e interagindo com o mundo. O processo de equilibração explica a construção das estruturas da inteligência: é no equilíbrio progressivo entre a assimilação e a acomodação que o pensamento atinge sua crescente mobilidade. A informação não entra pelos sentidos, o conhecimento não é transmitido de fora para dentro. Essa informação que entra pelos sentidos é processada pelo pensamento, pelas operações que o pensamento faz. E o pensamento só age sobre essa informação quando ele atribui significação, se não tem significado a criança não consegue representar".
*Avaliação “na” aprendizagem -
Parece natural, como decorrência deste processo de construção do conhecimento que a avaliação ocorra realmente na aprendizagem, entretanto, a interferência do professor, seus comentários, seus questionamentos devem promover a continuidade do processo "Reflexão, metacognição e tomada de consciência" e não simplesmente classificar ou quantificar desempenhos. Neste sentido, a avaliação não pode ser vista como um dos elementos que colaboram com a aprendizagem, mas sim como engrenagem do próprio processo de aprendizagem. O conceito avaliação na aprendizagem então só faz sentido se o sujeito que avalia compreende o papel da avaliação na aprendizagem.
Trechos retirados do artigo EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET, de Carla Beatris Valentini.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Encontro sobre EAD - Unisinos

Sobre o XII ENCONTRO SUL-BRASILEIRO DE LÍNGUA PORTUGUESA, Palestra: O trabalho em desenvolvimento na educação a distância para as licenciaturas – UFRGS, UNISINOS, FEEVALE, PUCRS, UNILASALLE
Objetivo principal da palestra seria promover uma atividade que aproximasse as pessoas envolvidas no EAD, que estão pensando na formação do professor. Ao ouvir os depoimentos dos professores foi possível constatar que os problemas que enfrentamos são comuns para os diversos espaços e níveis de EAD.
A prof.ª Maria Alice Gravina, por exemplo, destacou a preocupação da UFRGS na formação de professores e na promoção do uso das TIC'S para uma formação dos professores do ensino fundamental. Além disto, a professora mostrou o trabalho das alunas do curso de Pedagogia, modalidade a Distância, e falou um pouco da caminhada das alunas e do próprio projeto de EAD, que é novo para a Universidade.
Foi consenso da mesa o futuro da EAD, uma educação bimodal, com algumas atividades a distância e outras presenciais, flexibilizando espaço e tempo dos estudantes e universidades.
Outro consenso foi a necessidade de formação tecnológica e pedagógica (urgente) dos professores para a utilização de ambientes virtuais ou diferentes mídias. Por exemplo o professor que grava suas aulas em mp3 para que seus alunos possam escutá-lo no caminho para a universidade ou enquanto caminham. Este professor precisa desenvolver habilidades e ter consciência de como esta mídia dará suporte a sua mensagem. Dizer “hoje” numa gravação pode trazer dificuldades de entendimento, assim como escrever que “a tarefa deverá ser postada em duas semanas” em uma aula em ambiente virtual. São detalhes que precisam ser observados.
Este novo professor, um mídia-educador, precisa ser formado a partir de uma proposta pedagógica voltada para a integração, a reflexão e a produção colaborativa. Ele precisa de novas competências e habilidades. Enquanto uma aula em EAD apresentar as mesmas tarefas do ensino presencial, o professor deixa de aproveitar o que o EAD traz de vantagens. O EAD traz articulações, favorece relações, possibilita a inclusão e possibilita, através das mídias, uma comunicação mais próxima, através da mediação tecnológica.